A dança dos bancos portugueses
O perdão parcial da dívida da Grécia, que pode atingir os 50 %, é um cenário capaz de gerar uma «tempestade» no sector bancário europeu, levando ao «haircut» das dívidas de outros países europeus, incluindo Portugal. A concretizar-se, este cenário deverá tornar mais provável o recurso dos bancos nacionais à linha de capitalização de 12 mil milhões prevista no acordo da Troika.
As estimativas dos analistas para o impacto desta tormenta nas necessidades de capital dos bancos portugueses vão de 7,3 mil milhões a 16,7 mil milhões de euros, valores astronómicos que só se verificarão se as autoridades europeias aumentarem a pressão sobre a banca. O grande risco para os bancos portugueses não vem da exposição directa aos títulos de dívida do Tesouro grego, que actualmente contabiliza uma posição líquida de 1,4 mil milhões de euros, mas do perigo de contágio que poderá levar ao ‘haircut' da dívida portuguesa, espanhola e italiana. Note-se que os bancos portugueses têm em carteira uma posição líquida de 14,3 mil milhões de euros em títulos de dívida pública portuguesa.
Além disso, os novos limites mínimos para os rácios de solvabilidade da banca, que poderão ser anunciados pelas autoridades europeias no dia 23, prometem pressionar ainda mais o sector financeiro português, caso seja adoptado um critério para o "core Tier I" distinto do utilizado em Portugal. «Se o critério adoptado para calcular o rácio "core Tier I" for o que se usa em Portugal, não haverá grandes problemas porque os bancos portugueses já têm fixada a meta dos 9% no final do ano. Mas se for 9% em ‘stress', será um cenário muito agressivo para a banca nacional», acredita um analista contactado pelo Diário Económico.
Fontes e referências
Editor: Rui Viana Pereira.
Fontes:
Económico, Filipe Alves e Luís Leitão, 19-10-2011: http://economico.sapo.pt/noticias/perdao-a-grecia-coloca-em-xeque-capitalizacao-da-banca-nacional_129375.html
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