Salvem o cinema. Salvem milhares de postos de trabalho
Data: 09-05-2012
Porque um país sem cultura não tem futuro
Porque um país sem cinema não tem memória
A Associação Portuguesa de Realizadores vai projectar,
ao ar livre, mais de 100 anos de cinema português.
Todos a S. Bento, Lisboa,
9 de Maio, Quarta-feira, 21h
A APR está envolvida na organização de uma concentração/luta pelo Cinema em conjunto com muitas outras entidades que fazem parte da actividade cinematográfica. Nesse sentido preparou uma projecção de filmes que são a memória do Cinema Português – todas as quartas-feiras, frente à Assembleia da República.
O corte de verbas para a actividade cinematográfica é de... 100 % – sim, leram bem, cem por cento!
O CADPP exorta os profissionais do sector a que se organizem, de forma autónoma, para indagarem o que aconteceu às verbas destinadas ao cinema. Evaporaram-se? Foram desencaminhadas?
Estas verbas provêm de taxas específicas cobradas sobre determinadas actividades (por exemplo a publicidade) e destinam-se exclusivamente, por lei, à produção cinematográfica. A exclusividade e especificidade dessa colecta faz com que o seu desvio seja tão escandaloso como seria o desvio das contribuições da segurança social (igualmente específicas) para construir barragens ou comprar submarinos.
Um corte de 100 % das verbas destinadas ao cinema significa desemprego para milhares de pessoas
A maior parte do público sabe que a simples venda de um bolo significa trabalho para a pessoa que serve ao balcão, para o pasteleiro e seus ajudantes, para os operários da fábrica que transformou o trigo em farinha, para os agricultores que plantaram o trigo, etc. São milhares de postos de trabalho que estão em jogo na simples compra de um bolo. Do que o público não tem uma noção muito clara é da quantidade de postos de trabalho que a actividade cinematográfica envolve, nos mais diversos sectores.
Realizadores, especialistas de imagem, operadores de câmara, actores, figurinistas e costureiros, caracterizadores, cenógrafos, montadores, camionistas, electricistas, pintores, cozinheiros, empresas de distribuição de refeições, empresas de transporte, técnicos de informática, secretariado, distribuidores, vendedores, salas de projecção, ... enfim, uma lista a perder de vista e com repercussões impossíveis de calcular.
A esmagadora maioria destes profissionais está sujeita a um regime precário. Não são trabalhadores com contrato fixo ou que, se não se fizerem filmes, continuarão empregados a fazer outra coisa qualquer. Pura e simplesmente milhares de pessoas irão juntar-se ao exército de desempregados de longo prazo já existente neste país.
Ao fazer um corte de 100% para a actividade cinematográfica, este governo não está apenas a declarar a sentença de morte de um sector da cultura – está a dar mais uma machadada na capacidade de sobrevivência e independência económica do país. Sendo certo que a atenção do público para a importância da cultura em tempos de crise é diminuta, trata-se de uma machadada aparentemente fácil de dar.
E a questão é precisamente esta: será possível declarar a sentença de morte do cinema, e das actividades profissionais e económicas correlativas, sem que se levante um vasto movimento de resistência?
Será possível que este governo continue a pôr fim a todas as actividades culturais, fazendo aquilo que nem Salazar teve a coragem de fazer, apesar do medo que lhe inspirava o cinema enquanto máquina de cultura e despertador de ideias e consciências?
É esse o apelo que o CADPP deixa aqui.
A cultura de um país, e em particular o cinema, não é apenas uma coisa bonita que se pendura nas paredes dos museus. É a imagem viva da consciência duma sociedade. É, muitas vezes, o fogo onde se forja a transformação dessa sociedade.
Não o deixem apagar-se.
APR (Associação Portuguesa de Realizadores) – http://apr-realizadores.com/
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