BCE não poupa mimos à banca privada

Os juros cobrados pelo Banco Central Europeu (BCE) à banca privada voltaram a baixar para 1% há já alguns dias. Foi o preâmbulo duma injecção de capitais massiva nas últimas semanas, para recapitalizar um conjunto de bancos. A tudo isto vem agora acrescentar-se novo mimo: a concessão de empréstimos implica sempre uma contrapartida de garantias; é claro que não vale dar o relógio de pulso como garantia – existe uma lista de garantias aprovadas. Esta lista, que já tinha sido estendida pelo BCE em Setembro de 2011, voltou agora a sofrer nova extensão – praticamente vale tudo, pouco falta para chegarmos ao relógio de pulso.
O processo de garantias e empréstimos aos bancos privados, que vinha assentando pesadamente em activos tipo lixo e títulos de dívida dos países em dificuldades, está cada vez mais obscuro. Vejam-se pormenores e gráficos no Financial Times e nos Ladrões de Bicicletas.
Além disso parece ter-se iniciado uma corrida oficial entre os bancos franceses e italianos, por um lado, e os bancos alemães (actuais campeões da lista de garantias), por outro, para fazerem chegar os seus activos de lixo ao topo de lista de garantias aceites pelo BCE.
Por outras palavras, o BCE não desiste de concorrer ao lugar de maior caixote do lixo do mundo.
Fontes e referências
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